terça-feira, 29 de maio de 2012

Torre Velha da Caparica é Monumento Nacional!




Projecto das novas obras da Torre Velha em 1795 de Francisco de Alincourt (1)

Como já é do conhecimento geral a Torre Velha de S. Sebastião, no Porto Brandão, freguesia da Caparica, foi classificada como Monumento Nacional, tendo sido publicado hoje dia 29 de Maio de 2012 o Decreto n.º 11/2012 da Presidência do Conselho de Ministros que confere esta classificação (que publicamos em anexo).

Trata-se do primeiro e único Monumento Nacional do Concelho de Almada e um dos poucos da Margem Sul, mais próximo só a Olaria Romana da Quinta do Rouxinol. (2)

Está na hora de despertar as consciências e transformar a Torre Velha naquilo que ela merece ser - um ex-libris do Concelho de Almada e da Península de Setúbal.

Merece neste momento uma palavra de agradecimento quatro investigadores que em muito contribuíram para o conhecimento da Torre Velha:
- D. José Manuel de Noronha e Menezes de Alarcão (Conde dos Arcos), autor de «As Fortalezas de Almada», in Boletim da Junta de Província da Estremadura, S. II, N. VII, 1944.
- Raul Henrique Pereira de Sousa, autor de Fortalezas de Almada e seu Termo, edição do Arquivo Histórico da C.M. de Almada, 1981; e Pequena história da Torre Velha, 1997.
- António Neves Policarpo, autor de A Torre Velha da Caparica - Resumo histórico (1490-1996), edição da Junta de Freguesia de Caparica, 1996.
- Pedro de Aboim Inglez Cid, autor de A Torre de São Sebastião da Caparica e a Arquitectura Militar no Tempo de D. João II, edição do Instituto de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL e Edições Colibri, 2007.



Rui M. Mendes
Caparica, 29 de Maio de 2012

(1) Vista das obras novas da Torre Velha, para deffeza da entrada do rio / que por ordem do Ill.mo e Ex.mo Sñr. duque de Lafoens, marechal general, junto à Real Pessoa, projeitto ò coronel Fran.co d'Alincourt è foe aprezentado no Quartel General, com seu tenente general, inspector Sñr. Guilherme Luis Antonio de Vallere, para à enteira aprobaçaõ [Escala indeterminada] [ca. 1795]
(in IGEOE, Exposição Portugal nas Vésperas das Invasões Francesas)

(2) Lista dos Monumentos Nacionais da Península de Setúbal e data do respetivo Decreto:
16 de Junho de 1910
Castelo de Palmela
Castelo de Sesimbra
Cruz das Vendas, em Azeitão, Setúbal
Cruzeiro de Setúbal
Igreja de Santiago de Palmela
Igreja de S. João Baptista de Alcochete
Igreja de S. Julião de Setúbal
Mosteiro de Jesus de Setúbal
Palácio da Quinta da Bacalhoa, na Vila Fresca de Azeitão, Setúbal
Pelourinho de Palmela
Pelourinho de Setúbal
Portal da Gafaria de Setúbal

10 de Julho de 1922
Igreja de N.ª Sr.ª da Graça de Palhais, no Barreiro

30 de Agosto de 1933
Castelo de S. Filipe, em Setúbal

5 de Abril de 1934
Grutas da Quinta do Anjo, Palmela

1 de Junho de 1992
Olaria Romana da Quinta do Rouxinol, em Corroios, Seixal

6 de Março de 1996
Quinta da Bacalhoa, na Vila Fresca de Azeitão, Setúbal

29 de Maio de 2012
Fortaleza da Torre Velha da Caparica, Almada

ANEXO:
Diário da República, 1.ª série — N.º 104 — 29 de maio de 2012
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS
Decreto n.º 11/2012 de 29 de maio
O presente decreto procede à classificação como monumento nacional da Fortaleza da Torre Velha, também designada por Torre de São Sebastião da Caparica, sita no lugar de Porto Brandão, freguesia da Caparica, concelho de Almada, distrito de Setúbal (doravante abreviadamente designada por Fortaleza da Torre Velha ou por Fortaleza).
A Fortaleza da Torre Velha, situada na margem sul do rio Tejo, foi mandada construir por D. João II, no lugar do antigo Forte da Caparica, construído no reinado de D. João I. A sua estrutura original, segundo gravuras de Garcia de Resende, era composta por uma torre e um baluarte, no mesmo modelo desenvolvido alguns anos depois na Roqueta de Viana do Castelo e na Torre de Belém.
A fortificação inicial situou -se diretamente sobre as falésias junto à baía da Paulina, com um baluarte junto à água. O baluarte quatrocentista foi fundado num banco de rochedos ao longo da margem, sobre o qual assenta o atual cais de apoio aos barcos.
Em 1571 D. Sebastião mandou reformar a torre, ficando responsável pela obra Afonso Álvares, cujo projeto a transformou numa fortaleza de maiores dimensões. Nessa época passou a ser designada por Fortaleza de São Sebastião da Caparica. Entre 1580 e 1640 ficava conhecida como Torre dos Castelhanos, sofrendo alterações estruturais durante a dinastia Filipina.
A Fortaleza que chegou aos dias de hoje mantém as partes fundamentais existentes em meados do século XVII, como comprova uma planta desenhada em 1692. A planta da fortificação desenvolve -se em U, composta por três corpos e três baluartes com casernas, sendo que uma das extremidades do forte é prolongada por um baluarte e pela torre de vigia. Junto à porta de armas foi edificada a capela, dedicada a São Sebastião. O corpo central da Fortaleza da Torre Velha é de planta quadrangular, rebaixada, à qual foi adossada a casa do governador. A antiga porta da praça, junto à torre, ostenta escudo com as armas de Portugal.
No final do século XVIII a Fortaleza voltou a receber obras, possivelmente de consolidação, dirigidas pelo coronel Francisco d’Alincourt. Em 1801 as fortalezas da margem sul do Tejo foram desativadas e, alguns anos depois, a mesma foi transformada em lazareto, destinado a abrigar passageiros e tripulantes que necessitassem ficar em quarentena. No ano de 1832 a Fortaleza voltava a ser remodelada e reativada, servindo no final do século XIX apenas como depósito e alojamento.
Os trabalhos realizados à face da escarpa para permitir uma rápida ligação «torre -baluarte» são um dos fatores que ainda hoje constituem a maior originalidade da Fortaleza da Torre Velha. Este sofisticado sistema de comunicações internas mantém-se insitu, quase como há cinco séculos.
De acordo com os critérios e os pressupostos de classificação previstos na Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, que estabelece as bases da política e do regime de proteção e valorização do património cultural, os bens imóveis que o Governo classifica como monumentos nacionais revestem -se de excecional interesse nacional, pelo que se torna imperativo que se lhes proporcione especial proteção e valorização, nos termos previstos na lei.
A proteção e salvaguarda da Fortaleza, através da classificação, favorecem o seu usufruto pela população, porquanto possui um elevado potencial do ponto de vista monumental e patrimonial, determinando que a área onde se localiza venha a tornar -se, cada vez mais, uma zona de valorização patrimonial.
O valor histórico, patrimonial e cultural do bem que ora se pretende ver classificado articula -se segundo critérios como a autenticidade, a originalidade, a raridade, a singularidade e a exemplaridade, que se revelam significativamente na relevância matricial, arquitetónica, histórica, simbólica que este adquiriu como lugar da memória histórica e patrimonial de Portugal.
Testemunho da vivência do sítio ao longo dos tempos acolhe, também, a dimensão imaterial e memorial associada às implicações simbólicas e políticas da defesa da cidade de Lisboa, formando em conjunto com o baluarte de Cascais e a Torre de Belém, o primeiro sistema integrado de artilharia de defesa da barra do Tejo, estando portanto ligado à génese da «expansão marítima» portuguesa.
A Fortaleza da Torre Velha é um dos mais importantes exemplares de arquitetura militar renascentista portuguesa, tendo em conta a modernidade dos dispositivos que possui, bem como a originalidade da sua implantação.
A Fortaleza da Torre Velha reflete os seguintes critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro: génio do respetivo criador, interesse do bem como testemunho notável de vivências ou factos históricos, valor estético e conceção arquitetónica.
A zona especial de proteção do bem imóvel que ora se pretende ver classificada será fixada por portaria, nos termos do disposto no artigo 43.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.
Foram cumpridos os procedimentos de audição dos interessados, previstos no artigo 27.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, de acordo com o disposto nos artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento Administrativo.
Assim:
Ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 28.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, e nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo único
Classificação
É classificada como monumento nacional a Fortaleza da Torre Velha, também designada por Torre de São Sebastião da Caparica, sita no lugar de Porto Brandão, freguesia de Caparica, concelho de Almada, distrito de Setúbal, conforme planta constante do anexo ao presente decreto e que dele faz parte integrante.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 26 de abril de 2012. — Pedro Passos Coelho.
Assinado em 15 de maio de 2012.
Publique -se.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendado em 17 de maio de 2012.
O Primeiro -Ministro, Pedro Passos Coelho.

Exposição Fotográfica Ruin’Arte na Galeria de Arte do Casino de Lisboa





Estive hoje na apresentação de uma Exposição Fotográfica do Projecto Ruin’Arte do Gastão Brito onde pude apreciar mais uma vez a qualidade do trabalho deste grande fotógrafo onde se incluem algumas fotos dos territórios de Almada e Seixal onde, infelizmente, existem muitos pontos de reportagem, entre elas a Ermida de N.ª Sr.ª da Conceição da Trafaria, os Moinhos de maré do Breyner e o dos Paulistas e as Fábricas da Mundet, de Moagem do Caramujo e de Lanifícios de Arrentela.

A não perder até 18 de Junho de 2012.









domingo, 13 de maio de 2012

Cartaz do PSD Seixal sobre a Reforma Administrativa


    Peço desculpa mas o novo Cartaz do PSD Seixal sobre a Reforma Administrativa é uma ofensa à inteligência das populações!

    Assim como é uma ofensa que, quem esteja numa autarquia para defender os interesses dessas mesmas populações, se conforme com decisões políticas que sabe que são extremamente injustas e sem qualquer base política, social ou económica, e que nada faça contra as mesmas apenas porque são de um governo do mesmo partido!
    Acham justo e correcto querer acabar-se com uma freguesia como a Arrentela (sim porque a actual reforma tudo indica assim o levará efeito pois a sede de concelho tem de ter uma freguesia e a Amora e Corroios sendo as maiores do concelho nunca seriam extintas), sendo que:
   A Arrentela é a mais antiga freguesia do concelho, mais antiga que as freguesias do Seixal, de Aldeia de Paio Pires e de Fernão Ferro!
     A Arrentela é a 3.ª maior freguesia do concelho do Seixal com mais de 25.000 habitantes!
Isto não é política, isto é gozar com as pessoas e todos os cidadãos sejam ou não do mesmo partido do governo tem a obrigação moral de denunciar esta reforma feita a talhe de foice ….
Sabemos que a memória das pessoas por vezes prega-nos partidas mas para que certos factos não sejam esquecidos, publico aqui uns quantos factos:

Projectos Lei do PSD sobre a reforma administrativa do Concelho do Seixal:
Entrada
Título
Autores
Notas
1997-05-14
480/VII
Criação do município de Amora e das freguesias de Cruz de Pau, Foros de Amora, Miratejo, Nossa Senhora de Monte Sião e Vale de Milhaços e a alteração dos limites da freguesia de Corroios
Lucília Ferra (PSD)
Obs: Esta Iniciativa caducou em 1999-10-24
1998-02-18
360/VII
Reorganização administrativa do território do concelho do Seixal com a criação das freguesias de Cruz de Pau, Miratejo e Torre da Marinha e com a alteração dos limites das freguesias da aldeia de Paio Pires, Amora, Arrentela, Corroios e Seixal.
Luís Marques Guedes (PSD) , Manuel Moreira (PSD) , Artur Torres Pereira (PSD)
Obs: Esta Iniciativa caducou em 1999-10-24
2000-03-18
134/VIII
Reorganização administrativa do território do concelho do Seixal com a criação das freguesias de Cruz de Pau, Foros de Amora, Miratejo, Torre da Marinha, Vale de Milhaços e redefinição das cidades de Amora e Seixal.
António Capucho (PSD) , Lucília Ferra (PSD)
Obs: Esta Iniciativa caducou em 2002-04-04

    Afinal o mesmo PSD que achava ainda há 10 anos atrás que um Concelho do Seixal com 11 freguesias (+5 freguesias que as actuais) era um concelho com uma divisão administrativa equilibrada, entende agora que o correcto são três freguesias (cada uma com uma média de 50~60.000 habitantes). O que terá mudado entretanto? O concelho cresceu ... e a resposta do PSD é menos serviços .... tá certo!

    Felizmente ainda há políticos com a espinha direita, p. ex.º António Capucho, que em 2000 assinou um dos projectos acima referidos, e que até pouco era presidente da Câmara Municipal de Cascais, entregou o cartão do partido por discordar com este mesmo tipo de medidas no Concelho de Cascais.

   Não  venham dizer que este tipo de medidas é necessário por causa da situação económica do país, pois nem o orçamento de todas as freguesias do país representa um valor significativo, nem o próprio governo o afirma, se afinal não é para poupar, porquê uma reforma feita tão em cima do joelho?

Rui M. Mendes
Arrentela, 13 de Maio de 2012