tag:blogger.com,1999:blog-14077480.post6262545141497345429..comments2023-05-27T08:25:29.578+01:00Comments on História e Património (History and Heritage): CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO EM ALMADARui Manuel Mesquita Mendeshttp://www.blogger.com/profile/13540522062563127313noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-14077480.post-57269310969317149212015-03-30T11:51:17.997+01:002015-03-30T11:51:17.997+01:00Eu concordo e até sou muito crítico dos restauros ...Eu concordo e até sou muito crítico dos restauros que omitem/destroem as camadas mais recentes, como os que estiveram muito em voga no período dos primeiros restauros feitos pela DGEMN na década de 1930, no tempo do Eng.º Henrique Gomes da Silva, como foram os casos do Mosteiro de Alcobaça e da Sé de Lisboa, que simplesmente esconderam ou fizeram destruir toda a (magnífica) talha dourada e azulejos ali existentes …. aliás talha e azulejos que também existiram em S. Sebastião, conforme se pode documentar nos livros da «Ordem Terceira do Carmo» , congregação que esteve na Ermida de S. Sebastião até 1755, talha e azulejos cujo descaminho (há notícias de venda dos azulejos da ermida e entrega de paramentos a outras igrejas no início do século XX) não permitiu certamente a sua reintegração a quando do recente restauro!<br /><br />Contudo, esta visão reconstrucionista começou a alterar-se a partir da Carta de Veneza de 1964, que entre outros aspectos importantes, diz claramente, no seu art. 11:<br />«As contribuições válidas de todas as épocas para a construção de um monumento devem ser respeitadas, dado que a unidade de estilo não é o objectivo que se pretende alcançar nos trabalhos de restauro. Quando um edifício apresente uma sobreposição de trabalhos realizados em épocas diferentes, a eliminação de algum desses trabalhos posteriores apenas poderá ser justificada em circunstâncias excepcionais, quando o que for removido seja de pouco interesse e aquilo que se pretenda pôr a descoberto tenha grande valor histórico, arqueológico ou estético e o seu estado de conservação seja suficientemente bom para justificar uma acção desse tipo (…)».<br /><br />Quanto à questão técnica da justificação sobre o modo e método de restauro do edifício da Ermida de S. Sebastião, importa saber se os «trabalhos posteriores», quando esta serviu de esta serviu de hospital, palheiro ou taberna, tinham ou não interesse?<br /><br />A mesma carta no artigo seguinte, refere-se «Os elementos destinados a substituírem as partes que faltem devem integrar-se harmoniosamente no conjunto e, simultaneamente, serem distinguíveis do original por forma a que o restauro não falsifique o documento artístico ou histórico», sendo discutível a questão da harmonia do conjunto, como alguns referem «restauro/recriação de qualidade duvidosa», ainda assim os elementos acrescentados são claramente distinguíveis do original, de modo que ficou claro o que era conservação e o que era acrescento … mas certamente este tema daria uma boa tese de mestrado na área da Conservação e Restauro!<br /><br />Já quanto ao património barroco da margem sul ser relativamente pobre, de facto todo o território a sul do Tejo foi profundamente afectado pelo Terramoto de 1755, em especial as zona circundantes a Lisboa e o Algarve, contudo, mesmo nestes espaços, uma parte importante dos elementos decorativos, sobretudo ao nível da talha dourada e azulejaria, sobreviveu ao terramoto, como demonstram os estudos mais recentes de Francisco Lameira, sobretudo para a região do Algarve, mas também para Setúbal, Montijo ou Alcochete, só para falar em alguns dos exemplos, e mesmo no edificado ainda existem espaços como a Igreja de Nossa Senhora do Cabo, projecto de João Antunes, o arquitecto de Santa Engrácia!<br /><br />Ainda que concorde em parte, que de facto ao nível do edificado não abundem em Almada exemplos do barroco como os que se vêm no Norte do País ou sequer em Lisboa, tal não significa que ele não exista, até porque foi no século XVIII que, por exemplo ao nível do património religioso, se edificaram ou reconstruíram muitas igrejas e capelas, quer em Almada e Seixal, veja-se por ex. o estudo: Património Religioso de Almada e Seixal: Ensaio sobre a sua história no século XVIII, in <br />Rui Manuel Mesquita Mendeshttps://www.blogger.com/profile/13540522062563127313noreply@blogger.com